FASES DO GRAFISMO SEGUNDO VIKTOR LOWENFELD



PENSAMENTO CINESTÉSICO
As fases a seguir constituem produções do pensamento  cinestésico que tem como 
característica a entrega total do corpo da criança durante o desenho. Aqui não existe 
controle no movimento, isso só irá ocorrer posteriormente e ainda assim aos poucos. 
O prazer decorre da visualização de uma produção do seu movimento impresso no papel.


Garatujas 
As garatujas são a primeira forma de expressão da criança e tem sua importância para o 
crescimento contínuo da criança, para isso as garatujas das crianças precisam ser 
reconhecidas e valorizadas pelos adultos, para que a criança sinta que sua forma de se 
expressar está sendo aceita. Segundo Lowenfeld (, p.115) “esse primeiro rabisco é um 
importante passo no seu desenvolvimento, pois é o início da expressão que a conduzirá
não só ao desenho e à pintura, mas também à palavra escrita.

As garatujas classificam-se em três categorias principais: as garatujas desordenadas, as 
garatujas ordenadas ou controladas e as garatujas nomeadas.

Garatujas desordenadas



Nesse primeiro momento a criança não tem nenhuma intenção ao desenhar, rabisca o 
papel somente pelo prazer, assim como diz Lowenfeld (1947, p. 119), “o modo acidental
de distribuir as linhas que traça é, entretanto, um motivo de extremo prazer para a criança”,
além de ainda não ter domínio sobre o pulso e os dedos ao segurar o lápis. 
Para Lowenfeld (1947, p. 117), 

os primeiros traços são, geralmente, fortuitos, e a criança parece não aperceber 
de que poderia fazer deles o que quisesse. Variam em comprimento e direção, 
embora possam repetir-se algumas vezes, à medida que a criança movimenta o 
braço para trás e para frente. Além disso ele pode estar olhando para outro lado, 
enquanto faz esses traços, e continua ainda garatujando.

Ou seja, a criança ainda não associa suas produções com o meio em que vive. Ela
também não tem intencionalidade, por isso seus rabiscos muitas vezes são livres, não se 
prendem a uma forma específica. O que motiva a sua ação no papel é descobrir que pode 
registrar seus movimentos, bem como a sensação de prazer que isso lhe proporciona.
A criança começa usar as cores somente por divertimento. A figura humana, o espaço e o 
plano ainda não existem. Seus movimento são feitos com a movimentação do ombro, 
ainda sem controle motor. 
Não é recomendável incentivar a criança a desenhar figuras reais, pois este não é o 
momento. O mais importante é valorizar o que foi feito por ela, mesmo que não saibamos 
o significado.

Garatujas controladas ou ordenadas
4 anos



Nas garatujas ordenadas ou controladas “a criança descobre o controle visual sobre os 
traços que está fazendo. (1947, p. 120), com essa descoberta a criança é estimulada a 
tentar novos movimentos repetido e ordenados, na tentativa de ter um controle motor.
Nesse momento, as linhas são mais fortalecidas no papel, podendo ser em todas as 
direções, horizontalmente, verticalmente ou descrevendo círculos. Usará cores diversas 
em seu trabalho, mas sem intencionalidade, somente por puro divertimento. Se antes 
tinha dificuldade de permanecer no limite da folha, agora gosta de preencher a folha toda.
Agora começa uma articulação do cotovelo, ao passo que antes era somente a 
movimentação do ombro. A figura humana, o espaço e o plano ainda não existem para a criança.



Garatuja Nomeada
Nesse momento as crianças começam a dar nomes as garatujas, podendo ser a mãe, o 
cachorro, começando a fazer a ligação entre seu desenho e o mundo a sua volta. Segundo
 Lowenfeld (1947, pg.124), “antes, a criança podia sentir, às vezes, a relação entre o que 
tinha desenhado e algum objeto; agora desenha com uma intenção”. Agora a criança 
desenha com intencionalidade. Os traços podem estar distribuídos por toda a folha, 
sendo, às vezes, acompanhado por uma descrição do que está sendo desenhado. A 
criança dirá o que vai desenhar ou o desenho vai criando forma no decorrer do processo.
A criança faz uma tentativa de fechar a forma, fazendo alguns círculos, que são suas 
primeiras tentativas de representação. Agora usará as cores de acordo com significados 
estabelecidos por ela. Já a figura humana é imaginativa, também já existe um controle 
dos movimentos e a articulação do pulso é que faz os traços.





PENSAMENTO IMAGINATIVO
Neste momento a criança começa a descobrir que pode desenhar formas 
que existem ao seu redor. Ela grafa no papel o resultado de suas percepções 
do mundo. Aqui a sua intencionalidade vai se dirigir ao que ela vê e suas produções 
estarão carregadas de conteúdo emocional.


Pré-Esquema



 



Nesta fase, a criança desenha com vistas a representar elementos de sua realidade. 
Aqui o adulto já pode analisar sua produção junto à criança. Por volta dos 5 anos ela 
já desenha casas, árvores, sol. Essa etapa, que geralmente se inicia com a figura de 
um homem, ocorre entre os 4 e 7 anos.O processo começa com um círculo, que 
representa a cabeça, seguido de traços que irão se tornar braços e pernas. Por último 
ela desenha o que seria o tronco. Existem algumas teorias sobre a origem desse processo.
 Uma das explicações seria que ao olharmos para nossa frente tudo o que podemos 
visualizar que nos compõem são realmente a cabeça, pernas e braços, portanto o 
desenho seria o “eu” infantil. O que ela produz é resultado da recepção de muitas 
informações, são os primeiros passos de um novo processo mental. Somente aos 7 anos 
ela já conseguirá ter um esquema, que decorre do exercício contínuo. A escala de cores 
nessa etapa é puramente emocional.




PENSAMENTO SIMBÓLICO
As últimas fases se caracterizam pelo desenho da realidade e do que a criança pensa. 
Nas últimas fases ela põe no papel o que imagina, pois já não tem a preocupação de fazer 
uma cópia fiel. Outra importante aquisição dessas fases é a descoberta dos planos a partir
da linha de base, linha de céu e linha do horizonte.



Esquema (início)

 


Diferente das formas estereotipadas, o desenho esquemático além de ser flexível é 
também único, pois ele é o resultado do conceito elaborado pela criança. Não existem 
esquemas iguais. É a sua forma de enxergar o mundo, a partir do que ele representa 
para ela em vários aspectos, inclusive no nível emocional. São as experiências particulares 
das crianças que vão modificar seu desenho.

A linha de base é um importante meio de compreensão do desenho. Ela tanto pode 
representar o território onde o desenho está inserido (a montanha, o mar...) quanto servir 
de base para os objetos.A cor é escolhida como forma de representar o objeto da forma 
que o vê no seu meio. Dessa forma, ela utilizará as mesmas cores para os mesmos 
objetos. Nesta fase, ela  poderá utilizar cores que não condizem com a realidade, portanto 
criticar isso poderia levar a criança a se frustrar, além de bloquear a capacidade de abstrair 
que está se desenvolvendo.





Final do esquema, fazendo transição para realismo:



Realismo




No realismo, a criança está na fase entre 9 a 12 anos. Segundo Lowenfeld (1947), essa 
fase é considerada a idade das “turmas”, pois a criança começa a descobrir interesses 
semelhantes e formam pequenos grupos, além de se descobrir integrantes de uma 
sociedade. O emprego do termo realismo é pelo fato de que nessa fase as crianças 
começaram a desenhar o real, de sua caracterização do mundo. 

As linhas geométricas já não satisfazem mais a criança no que ela deseja desenhar. 
A figura humana passa a ter movimentos. Há a descoberta da linha do horizonte e dos 
planos, céu, terra. Usa as cores diversificando, mas voltado para o real.

A figura humana agora será representada fielmente como é, diferenciação de menino e 
menina, roupas, etc. “Desenvolve-se nessa idade, uma conscientização 
maior. ”(LOWENFELD, 1947, p. 232). Porém ainda não chegamos a representação visual, 
pois a criança ainda não faz detalhes da roupa por exemplo.

Nessa fase a criança começa a se interessar pelos detalhes, de forma que fazem a 
caracterização do meio, adquirindo uma certa rigidez e formalismo.

Pseudonaturalista
 

Nessa fase, os pré adolescentes já estão entre 12 e 14 anos. Sabe-se que nessa etapa o 
corpo está em constante mudança, portanto é de se esperar que surja um maior interesse 
pela representação humana, representando suas preocupações com seu próprio corpo 
físico. “Agora, entretanto, há uma crescente compreensão de que a aparência muda, 
quando as roupas tem dobras, apresentam pregas, quando luzes e sombras se alteram 
com as posições do corpo, quando a cor se transforma sob diferentes condições 
atmosféricas”. (LOWENFELD, 1947, p. 307). Ou seja, esse jovem fará o desenho o mais 
fiel possível. 

Acredita-se que o jovem tem dificuldade de representar a si mesmo, ficam 
divididos entre partes de seu corpo que gostam e as que não gostam. 
Uma das descobertas dessa fase são os planos, por exemplo, se um objeto está longe, 
deve ser diminuído, adquirem uma noção de profundidade, luz, sombra, movimento.


REFERÊNCIAS  
CASTELL, Cleusa Peralta. Pela linha do tempo do desenho infantil: um caminho trans estético para o currículo integrado. Rio Grande: FURG, 2012.

DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: Desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione, 1989.

LOWENFELD, V. & BRITTAIN, V.. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo: Mestre Jou, 1977


    

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